'Carnaval sempre teve muito ritmo diferente', defende Ronei Jorge
por Jamile Amine / Rebeca Menezes

Se muita gente questiona a inclusão de atrações de outros gêneros no Carnaval de Salvador, para Ronei Jorge essa é uma característica comum e antiga da festa. Para o cantor, que se apresentou neste domingo (11) ao lado de Giovani Cidreira e Maglore no Largo do Pelourinho, o que acontece é que outros ritmos são "transformados" em axé. "Se você pensar, o Carnaval sempre teve muito ritmo, muito gênero diferente. É que tudo ficou meio embalado como axé. Então Olodum é axé, Psirico é axé, Durval Lelys é axé. E um é samba reggae, o outro é pagode e o outro é pop, com uma coisa caribenha. Então todos esses artistas fizeram músicas diferentes, mas foram colocados em um pacote pela indústria, como acontece em outros gêneros, até com o rock. Inclusive acho que o rock, de certa forma, tem um diálogo muito grande com as músicas dos primeiros trios, Armandinho tem uma coisa muito roqueira, Novos Baianos, essa coisa da guitarra fraseada. Então essa relação já existe. Agora eu acho bacana se manter algumas tradições. Não se deve perder isso. Você tem um cara como Moraes Moreira, que é um gênio. E esses caras, Daniela, são as pessoas fortes e que levam a música baiana também para a frente. Mas acho que também, perifericamente, outros gêneros vão aparecendo e vão dialogando. O Carnaval é um espaço bem democrático", explicou. Em entrevista ao Bahia Notícias, Ronei explicou ainda a origem do nome da apresentação, "Pipoca Pop: A Outra Banda da Festa": "Isso é uma referência ao disco de Caetano, A Outra Banda da Terra", que na minha opinião marca muito essa coisa mais solar, mais pop de Caetano. Foi ali que ele tem "Vários Trilhos Urbanos", "Lua de São Jorge", várias músicas que fizeram sucesso. E o repertório que a gente trouxe, apesar de não ter faixa desse disco, acho que tem a ver com esse tipo de sonoridade".
Convidado por Ronei, Giovani Cidreira contou que a ideia para um show no Pelourinho já existia há algum tempo entre ele e os integrantes do Maglore. "Quem me convidou foi Ronei. Na verdade, eu já estava junto com os meninos da Maglore há algum tempo, eles são minha banda desde o começou do ano passado. Estava morando com eles lá em São Paulo e a gente teve a ideia de fazer esse show aqui, era um sonho da gente tocar aqui no Pelourinho. Eu nunca toquei aqui no Largo, em um lugar aberto. [...] As ideias meio que sincronizaram. Os meninos já estavam discutindo a ideia de fazer um show aqui no Pelourinho, no Carnaval, e Ronei ao mesmo tempo teve essa ideia e convidou a gente para fazer parte desse projeto. Claro que a gente ficou felizão, Ronei é nosso herói desde guri", pontuou. Giovani, que venceu o edital Natura Musical, detalhou o que mudou depois que ele conseguiu gravar um disco solo, no ano passado. "Quando você não tem um disco, fica muito difícil você mostrar o seu trabalho. Esse disco é como um resumo de toda a minha história, de 10 anos de carreira, batalhando aqui em Salvador. É um cartão postal mesmo. Apesar de ser um edital muito importante no Brasil todo - e deveria mais uns 50 desses, porque a gente sabe como é difícil um artista gravar um disco -, acho que no meu caso foi importante saber como utilizar isso. Viajar, meter as caras, sair por aí tocando, levando o disco embaixo do braço. Nesse sentido também foi um divisor de águas pra mim, de enxergar tudo o que eu tinha feito e sentir que tinha realmente que quebrar os muros".
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70 Anos de Gandhy!
A ideia base era inteirar e integrar amigos, companheiros de trabalho e andanças pelas freguesias da cidade. A herança cultural estava presente, bem como a capacidade de criação e aproveitamento de oportunidades. A antiga capital do país completava 400 anos de fundada, e a escravidão havia apenas 61 anos legalmente extinta.