
Falar de musica é algo maravilhoso que ficou um pouco menor nesta pandemia. Não menor no sentido de desprezo, mas no sentido de relevância diante de tudo que está acontecendo no mundo desde março. Mesmo assim, as reflexões sobre o que poderia vir a acontecer com a nossa música e seus personagens, fossem eles coadjuvantes ou principais, era e é uma forma de poder entender os caminhos que nossa história vai tomar. Creio que minhas considerações a respeito desses caminhos, desde que comecei a fazê-las, infelizmente, estão meio que corretas.
Seguir à risca o protocolo recomendado, mantendo o distanciamento, usando máscara e lavando as mãos ao tocar em superfícies, tem sido fator primordial para tentar não se contaminar. Diante desse quadro e com o cansaço das LIVES, algumas outras tentativas de fazer girar a roda musical estão sendo propostas em diversas cidades do País.
Das ideias que surgiram Brasil afora, a que tem tido maior destaque é a da volta do Drive-in, que, historicamente, nada mais era do que assistir a um filme dentro do carro, sendo servido na sua necessidade – alimentícia, que fique claro – enquanto se assistia à projeção. A “novidade” nisso tudo foi a readequação desse formato ao mercado de shows, incluindo aí também os musicais.
Digo da inclusão dos musicais porque, com certeza, o teatro, a casa de show, a boate, o barzinho (sendo exagerado) dos próximos tempos será o drive-in.
E foi isso que fui convidado a assistir, com a inauguração do Drive-in Bahia, uma parceria do SDB (Shopping da Bahia) com a Oquei Entretenimento, que traz para Salvador essa novidade de se poder sair de casa sem precisar ter contato com outras pessoas.
Olha, somente pela vontade de tentar trazer lazer e entretenimento para a cidade já vale como ponto positivo. Lógico, dado o momento que estamos vivendo, a estrutura atende a uma expectativa do melhor que pode ser feito. O mais importante neste momento é que um projeto como esse abre espaço para todo tipo de evento e não somente os musicais ou teatrais.
Mas, lá fui eu ver a inauguração do espaço e como a coisa ia funcionar. Primeiro, algo que já deixa você ciente que existe uma preocupação de presença é que logo na entrada você já é testado na temperatura – o que dizem não significar nada, pois existem assintomáticos, mas vai saber. Daí, dentro do espaço, existe uma área demarcada para carros pequenos, que ficam à frente – com as picapes ao fundo.
Todo o serviço de atendimento é feito através de um QR code que está sempre na grade ao lado do motorista. Do velho e bom hambúrguer – da marca que nunca tem gosto, na minha opinião – passando pela pipoca, só senti falta do hot dog.
No mais, o espaço impõe algumas regras que, principalmente para quem bebe, é importante saber. Se a sua bexiga ficar cheia, sua ida ao banheiro tem que ser solicitada pelo QR code. Se você tentar sair do carro, um segurança chega rapidamente ao seu lado para lhe informar que isso não é possível. Por isso, nesse chamado novo normal, urinar no cantinho da roda, ou no fundo do carro – mesmo sendo o seu – é algo mais que impossível. Na entrada, você recebe o seu saco de lixo, para colocar seus descartes. Jogar lixo pela janela é algo que além de mal-educado, vai de encontro à política do espaço. Luz acesa, nem pensar. Das duas vezes que testei deixar a luz acesa, o segurança veio gentilmente pedir que a desligasse para não atrapalhar quem estava à minha frente. De tudo, o que mais achei estranho foram as batidas das palmas resumidas a piscadas de luz.
Olha, eu gostei e com certeza vou voltar. Sempre digo que é preciso gerar emprego e renda para os prestadores de serviço da cultura. O Drive-in Bahia faz isso, o SDB (Shopping da Bahia) fez isso e no fim das contas é isso que é mais importante: gerar emprego e renda.
Lógico que sei que voltaremos ao normal ou com a vacina da China, Rússia, Oxford, da Novavax e de quem mais chegar. Lógico que sei que isso tudo em breve vai passar. Mas enquanto isso, também sei que ao menos terei diversão garantida e de boa qualidade.
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